Os povos Mapuche estão diretamente ligados à ideia de território. O grupo etnico teria se originado na região da América do Sul, mais precisamente em ambos os lados da Cordilheira dos Andes, hoje território da Argentina e do Chile.

Datando do período pré-colonial, se organizavam de forma dispersa e descentralizada, usando da guerra como importante elemento da formação identitária e das estruturas de poder. A partir do século XVI, a região foi dominada pelo império Inca, que passaram a se referir a esses grupos como aukas ou purun aukas, termo que em quéchua significa "rebelde", "inimigo", "selvagem". Os espanhóis também tiveram contato com o povo mapuche, tendo dificuldades para se submeter a esses grupos. Após as guerras, as estratégias de dominação pelas autoridades coloniais foram substituídas por uma pacificação da fronteira usando missões jesuíticas e parlamentos. Os Mapuches foram reconhecidos como interlocutores políticos da região.

Porém, o processo de independência dos estados nacionais latino-americanos colocam em questão a identidade do povo Mapuche. Mesmo datando de um período antecessor ao processo de independência, em 1878, após a "Conquista do Deserto" e a "Pacificação da Araucanía", a ideia de que os mapuche seriam chilenos começou a se difundir. Atualmente, essa questão, se os Mapuche são argentinos ou chilenos, se tornou uma questão que impede as reais demandas desse povo. Como uma história de lutas e resistências à dominação, é um povo que sofreu diversos tipos de violências.

Quem eram os povos que habitavam o Wallmapu? Que relações estabelecem com outros grupos humanos ao longo de sua história? Como podemos compreender a constituição de uma identidade mapuche ao longo do tempo? De que maneira a constituição dos Estados nacionais impactou os modos de vida desse grupo étnico? O que os mapuche reivindicam na contemporaneidade? Para responder a estas e outras questões, convidamos Alessandra Gonzalez de Carvalho Seixlack, professora adjunta de História da América da UERJ.

O episódio já está disponível nas principais plataformas de podcast e também em nosso canal no YouTube. Esperamos que gostem do programa e deixem suas opiniões, sugestões e críticas! Também não esqueçam de nos seguir em nossas redes sociais.

Conheça nossa entrevistada

No episódio #62 abordamos a história dos povos Mapuche a partir de uma perspectiva que dispôs-se a contemplar esse variado grupo desde antes do período colonial e, por exemplo, sua relação com o Império Inca, durante a colonização e independência e as disputa e acordos com os europeus e criollos e, por fim, a história destes povos na atualidade e suas demandas. Adicionalmente, o episódio versou também sobre uma série de terminologias e modos de autodesignação destes povos, bem como sobre as construções dos estados nacionais e os discursos daí advindos nas experiências argentinas e chilenas, países cuja divisão territorial delimitou as demarcações territoriais Mapuche.

Para explorar estas e outras temáticas, contamos com a participação da Dra. Alessandra Gonzalez de Carvalho Seixlack.

Alexandra Seixlack é pós-doutora em história com formação integral realizada na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Atualmente é professora na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), instituição na qual leciona História da América e coordena os projetos: Prodocência UERJ ?Descolonizando o conhecimento. Contribuições epistemológicas para um novo olhar sobre a História?, "Novas Possibilidades no Ensino e Pesquisa de História da América" e "Caminhos de Abya Yala - Intelectuais indígenas do continente americano".

Seixlack é autora de Entre A Araucania Maldita E O Deserto Indômito: Debates oitocentistas sobre a Pacificação da Araucania no Chile e a Conquista do Deserto na Argentina, bem como publicou dezenas de artigos e capítulos de livros, tal qual: Resistência e protagonismo indígena na Araucania e nos Pampas no século XIX, publicado no livro Trajetórias Americanas, organizado pelos historiadores Rafael Araujo; Luís Guilherme Assis Kalil e Karl Schurster em 2022.

Dicas e links

Livro: Entre a Araucana Maldita e o Deserto Indômito - Alessandra Seixlack, 2017.