#61 - A Independência do Uruguai

29/10/2023

A história do Uruguai é um importante marco das relações entre as Coroas Espanholas e Portuguesas. Considerado por muitos analistas como um "algodão entre os cristais", expressão que se refere à localização geográfica do país entre Argentina e Brasil, o Uruguai na verdade tem suas particularidades quanto ao processo de emancipação.

Pertencente ao Vice-Reino do Rio da Prata, a província nasceu na margem oriental do Rio Uruguai, dando o nome ao país. Sua capital, Montevidéu, rivalizou por muito tempo com os portos de Buenos Aires pelo intenso volume de mercadorias e capitais que entravam e saiam do continente.

Com a queda de Fernando VII em 1808, foram criadas Juntas Governamentais nas Américas, que juraram fidelidade à coroa espanhola. Porém, ao mesmo tempo, surgiram defensores da soberania política da colônia. Algumas cidades, como Montevidéu, permaneceram fiéis à coroa, contudo, no interior da Banda Oriental, se buscava o rompimento com a metrópole.

A presença de Artigas na história da região aparece no contexto das guerras pela independência. José Artigas foi defensor do rompimento dos laços com a metrópole espanhola, lutando não só contra o exército espanhol, mas também com as tropas portuguesas. Considerado o Defensor de los Orientales, lutou em desvantagem contra as forças portuguesas e espanholas que ocupavam a capital. A "Liga dos Povos Livres" foi a tentativa de Artigas de federalizar a província, enquanto resistia à centralização de Buenos Aires e à invasão luso-brasileira em 1816. Sua luta foi interrompida em 1820 após a derrota na Batalha de Tacuarembó, sobrando a Artigas o exílio no Paraguai.

A região, que foi anexada ao Império português antes mesmo da Independência brasileira, permaneceu parte do território governado por D. Pedro I até a Guerra da Cisplatina e sua declaração de Independência.

A guerra entre o Brasil e as Províncias Unidas durou três anos, principalmente pelo fato do governo brasileiro não aceitar e tampouco reconhecer a soberania da região. Para o Brasil, a importância do acesso ao rio Paraná e ao Paraguai era de suma importância para a comunicação com as províncias mais ao interior do Império. A guerra naval se estendia até Buenos Aires, impactando diretamente o comércio fluvial na região. É nesse contexto que a diplomacia da Inglaterra surge. A fim de proteger seus interesses econômicos na América, o país mediou o fim da guerra. Assim, em 1828, foi assinado o Tratado da Convenção Preliminar de Paz, reconhecendo a independência e soberania da República Oriental do Uruguai.

Qual era a importância da região platense para espanhóis e portugueses no fim do período colonial? Já no contexto das independências, quais eram os projetos de emancipação que disputavam espaço entre as elites criollas do Rio da Prata? Que papel teve Artigas na formação política do Uruguai? Como foram as intervenções brasileiras na região a partir de 1808? Para nos ajudar com essas e outras questões, o Hora Americana entrevista hoje Fernando Comiran, Professor Adjunto de História das Relações Internacionais e de História da Política Externa Brasileira na Universidade Federal do Rio Grande (FURG).

O episódio já está disponível nas principais plataformas de podcast e também em nosso canal no YouTube. Esperamos que gostem do programa e deixem suas opiniões, sugestões e críticas! Também não esqueçam de nos seguir em nossas redes sociais.


Conheça nosso entrevistado

No episódio #61 abordamos a história da Independência do Uruguai, ocorrida em 1828. Contudo, o período entre a invasão da Espanha por forças napoleônicas (1808) e a independência em si foi marcado por uma série de disputas nos âmbitos internos e externos, tal qual a ingerência dos vizinhos integrantes do até então Vice-reinado do Prata e dos brasileiros (1816), ambas regiões fronteiriças do país conosurenho. O território que hoje chamamos de Uruguai e, outrora, chamada de Província ou Banda Oriental vivenciou no período das Juntas de Gobierno a ascensão do líder José Gervasio Artigas, quem conduziu a resistência às tropas espanholas, bem como, entre 1806/7, a população da região resistiu à tentativa de invasão britânica.

Para tratar dessas temáticas, bem como sobre as minúcias do processo independentista, contamos com a participação de Fernando Comiran.

Comiran é professor de História das Relações Internacionais e de História da Política Externa na Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Graduou-se em história na Universidade de Passo Fundo, realizou seu mestrado na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, doutorou-se na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), tendo concluído parte do doutorado na Universidad Complutense de Madrid na modalidade "sanduíche".

O historiador também atuou como professor no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, IFRS, na Universidade Federal de Pelotas, UFPE, no Instituto Educacional Metodista de Passo Fundo, e em escolas de ensino básico.

Fernando Comiran foi e é revisor de periódicos, bem como é autor do livro Os cenários políticos da intervenção portuguesa na Banda Oriental do Uruguai (1811 e 1816) e coautor de diversas publicações, tais Relações internacionais contemporâneas e O historiador e as novas tecnologias: caderno de resumos do II Encontro de Pesquisas Históricas ?


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