#59 - Educação Pública e as Independências das Américas

01/09/2023

A educação pública e suas transformações vem sendo pauta de políticas e governos há muito tempo. Vimos grandes mudanças e modelos sendo implementados durante a pandemia de covid-19, e isso trouxe à tona questões metodológicas sobre o ensino no Brasil e no mundo. O ensino remoto, por exemplo, foi acionado como tentativa de suprir a necessidade da continuidade das aulas, porém muito ainda se discute sobre os limites do uso da tecnologia para o ensino.
Entretanto, para além do uso ou não da tecnologia como auxiliar no ensino, debates educativos foram amplamente discutidos no período das independências da América. O rompimento das relações das colônias com a Espanha e Portugal, exigiram também a busca pela construção dos futuros residentes e cidadãos do continente. Pensar sobre como educar a população foi o centro dos principais debates do período.

A tarefa de educar de forma barata, rápida e eficiente fez com que alguns métodos fossem aplicados. Um exemplo é o método de ensino mútuo ou lancasteriano, criado pelo pedagogo Joseph Lancaster, no qual os alunos que aprendiam mais rápido ajudariam os colegas nas lições. A partir de uma série de regras, rotinas, atividades e castigos, Lancaster conseguiu pôr em prática o ideal de eficiência, em consonância com o pensamento iluminista do período.

Diferente da educação das elites latino-americanas, que seguia funcionando com tutores individuais, a multidão empobrecida, majoritariamente composta por indígenas, afro-descendentes e mestiços, não detinha os recursos financeiros necessários para esse método individual, inviável para uma educação de massas. A partir de 1820, o método lancasteriano começou a ser implementado nas escolas das Américas, mostrando que as conexões entre os países latino-americanos não podem ser estudadas isoladamente, pois fazem parte de uma rede de pensamentos e tecnologias que vinham da Europa.

Como se dava a circulação de ideias sobre educação naquela época? O que políticos e pedagogos queriam mudar nas práticas escolares? Quem financiava as escolas construídas nessa época? O que se entendia por educação pública naquele período?

Para entendermos essas e outras questões, convidamos a professora Laís Olivato, doutora em história pela Universidade de São Paulo.
O episódio já está disponível nas principais plataformas de podcast e também em nosso canal no YouTube. Esperamos que gostem do programa e deixem suas opiniões, sugestões e críticas! Também não esqueçam de nos seguir em nossas redes sociais. 


Conheça nosso convidado

No episódio #59 abordamos a História da educação pública e sua relação com as independências nas Américas, período no qual os americanos deixaram de ser vistos como súditos e passaram a ser entendidos como - futuros - cidadãos. Nesse contexto de rompimento dos laços coloniais com a Península Ibérica e formação de novas identidades políticas e nacionais a questão da educação pública e direcionada ao progresso das novas nações emergiu no debate de políticos, militares e intelectuais que, em contato com as ideias iluministas do período, acabaram por incorporar metodologias de ensino, como por exemplo, aquela pensada pelo pedagogo inglês Joseph Lancaster, dentre outros. Contudo, cabe salientar que os projetos educacionais não foram criados a partir das independências, pelo contrário, estes existiam desde o período colonial, porém, conservavam diferenças e particularidades de cunho metodológico e político, adicionalmente, é pertinente pontuar que tais metodologias de ensino coletivo foram pensadas para as camadas não abastadas da sociedade, ao passo que as elites conservaram o método de ensino a partir de tutores particulares.
Para tratar destes assuntos contamos com a participação da doutora em História e pedagoga pela Universidade de São Paulo (USP), Laís Olivato.

Olivato dedica-se à docência no Ensino Básico, no Ensino Superior e ao trabalho de pesquisa acadêmica. A professora também desempenha atividades como produtora de materiais didáticos e atuou como orientadora on-line do curso de especialização em História do programa Redefor promovido pela Secretaria da Educação em parceria com a Fundação de Desenvolvimento da UNICAMP (2012). Laís Olivato publicou recentemente o livro A educação nas Independências da América: a circulação do plano de ensino mútuo (1810-1830), publicação que, por sua vez, dialoga diretamente com seus interesses de pesquisa, a saber: História da Educação nas Américas, durante as independências latino-americanas do século XIX, com foco nas dinâmicas entre ensino, religião e história da imprensa


Dicas e Links

A dica do Hora Americana desta semana é o livro da nossa entrevistada: A educação nas Independências da América: a circulação do plano de ensino mútuo (1810-1830) 

© 2020 Hora Americana. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Webnode
Crie seu site grátis! Este site foi criado com Webnode. Crie um grátis para você também! Comece agora