#36 - Resistências e rebeliões indígenas no século XVIII
Quando pensamos na América colonial, muitas vezes projetamos um período marcado por algumas características duradouras. Isto fica visível quando pensamos os indígenas que, muitas vezes, são representados de forma homogênea e atemporal, como se tivesse havido poucas transformações nos mais de três séculos de colonização europeia em nosso continente. No entanto, quando analisamos com mais cuidado, percebemos que a trajetória dos indígenas ao longo do período colonial foi marcada pela multiplicidade, seja de culturas, etnias ou de formas de se relacionar com os povos europeus.
Mesmo no século XVIII, quando os europeus já estavam em nosso continente há mais de duzentos anos, cerca de metade das terras americanas permaneciam sob controle indígena. Em muitos locais, as forças imperiais se viam forçadas a negociar ou até mesmo a recuar diante dos grupos nativos, o que revela uma relação entre europeus e indígenas muito plural. Indígenas resistiram, reivindicaram mudanças às autoridades coloniais, negociaram, se rebelaram... Para entender as diferentes formas de ação dos indígenas em relação às forças coloniais em um período marcado por grandes rebeliões, como a de Tupac Amaru II, entrevistamos a professora Elisa Frühauf García, da Universidade Federal Fluminense.
O episódio já está disponível nas principais plataformas de podcast e também em nosso canal no YouTube. Esperamos que gostem do programa e deixem suas opiniões, sugestões e críticas! Também não esqueçam de nos seguir em nossas redes sociais.Dicas e links
Livro "As diversas formas de ser índio: políticas indígenas e políticas indigenistas no extremo sul da América Portuguesa", de Elisa Frühauf Garcia (2009)
Livro "Conflictos sociales e insurreción en el mundo colonial andino", de Sergio Serulnikov (2006)
Livro "Letra de Índios: cultura escrita, comunicação e memória indígena nas reduções do Paraguai", de Eduardo Neumann (2015)
Conheça nossa entrevistada
Elisa Frühauf Garcia é doutora em História pela Universidade Federal Fluminense (2007), onde é professora de história da América colonial desde 2009. Atua também no programa de pós-graduação em história da mesma instituição (PPGH/UFF), orientando teses e dissertações sobre as relações entre as populações nativas e os impérios coloniais europeus. Realizou estágios de pós-doutorado na Universidade Estadual de Campinas (2007-2009) e no Consejo Superior de Investigaciones Científicas/CSIC-Madrid (2015). É membro do grupo de pesquisa Companhia das Índias, da Red Columnaria (Polo Brasil) e pesquisadora do CNPq e da Faperj. Sua tese, "As diversas formas de ser índio: políticas indígenas e políticas indigenistas no extremo sul da América portuguesa", foi premiada pelo Arquivo Nacional e publicada em 2009. É autora de artigos em livros e revistas sobre a história indígena nos impérios ibéricos, especialmente nas áreas de fronteira na bacia do Rio da Prata.