#33 - Cinema, Política da Boa Vizinhança e Anticomunismo

09/12/2021

Desde fins do século XIX, os Estados Unidos passaram a adotar uma política intervencionista e agressiva em relação à América Latina. A chamada política do Big Stick ("Grande Porrete") foi marcante, por exemplo, em intervenções na ilha de Cuba, em 1898, e no Panamá, em 1903.

Com a chegada de Franklin Delano Roosevelt ao poder em 1933, houve uma mudança nessas relações. Foi colocado em prática um outro tipo de intervencionismo, menos violento e pautado por um discurso de colaboração em questões culturais e nos acordos políticos e econômicos: a chamada "Política da Boa Vizinhança".

Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos expandiram ainda mais essa influência, com o objetivo de unir o continente sob uma mesma linha política. O cinema e, em especial, Hollywood foram muito importantes para isso. Filmes como Saludos Amigos, produzido pelos estúdios Walt Disney, foram veículos que buscaram construir uma aproximação entre os norte-americanos e os países da América Latina.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o cinema foi novamente utilizado como veículo de propaganda política, contribuindo para a construção de um grande inimigo para os Estados Unidos: o comunismo. A partir da propagação de estereótipos, o cinema apresentava os comunistas como os grandes inimigos da democracia estadunidense. Além disso, milhares de pessoas foram expostas e tiveram suas carreiras destruídas por acusações de simpatia com o comunismo, a partir de uma comissão liderada pelo senador Joseph McCarthy.

Essa caçada anticomunista chegou à América Latina e muitos dos golpes militares com envolvimento dos Estados Unidos foram motivados pelo medo da ascensão de governos de esquerda nos países do subcontinente. Mais uma vez, o cinema teve papel importante na difusão desses ideais.

O que foi a Política da Boa Vizinhança? Como esses filmes eram produzidos? Qual foi o papel do cinema para a difusão de valores associados aos norte-americanos durante a Guerra Fria? Para responder essas e outras questões, conversamos com Alexandre Busko Valim, professor dos cursos de História e Cinema da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

O episódio já está disponível nas principais plataformas de podcast e também em nosso canal no Youtube. Esperamos que gostem do programa e deixem suas sugestões e críticas! Também não esqueçam de nos seguir em nossas redes sociais.

Dicas e links

Documentários "Why we fight", de Frank Capra (1942-45)

Livro "O triunfo da persuasão: Brasil, EUA e a cinema da Política de Boa Vizinhança durante a 2ª GM", de Alexandre Valim (2017)

Filme "Sindicato de ladrões", de Elia Kazan (1954)

Livro "Casei com um comunista", de Philip Roth (1998)


Conheça nosso entrevistado

Alexandre Busko Valim é graduado em História pela Universidade Estadual de Maringá (1998-2001) e doutor pela Universidade Federal Fluminense (2002-2006). Possui Pós-Doutorado pela School of Journalism and Communication da Carleton University em Ottawa, ON, Canadá (2008-2009) e pelo College of Arts & Science da New York University em Nova York, NY, Estados Unidos (2015-2016). É avaliador de Cursos de Graduação (área de História) do Ensino Superior do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior - BASis, INEP/MEC, desde 2006. Atualmente é docente do Departamento de História da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde leciona e orienta no Curso de Graduação de Cinema, no Curso de Graduação de História, no Programa de Mestrado Profissional em Ensino de História e no Programa de Pós-Graduação de História.

Tem experiência na área de História, com ênfase em História Contemporânea, atuando principalmente nos seguintes temas: História do Cinema, Guerra Fria, Propaganda, Segunda Guerra Mundial, Diplomacia Cultural, Política de Boa Vizinhança, relações entre Brasil e Estados Unidos e História Social.
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